24 de agosto de 2015

BEDA #24 - Canção De Segunda: Avohai - Zé Ramalho




Zé Ramalho ocupa uma posição peculiar na música brasileira. Suas canções tem uma carga e uma marca forte... e uma delas, Avohai, tem uma história interessante. Para quem não sabe, Avohai é a canção de apresentação de Zé Ramalho ao grande público, pois é a primeira música do lado "A" do seu primeiro disco gravado em 1978.


Consta que a música seria uma homenagem ao seu avô Raimundo, que foi a referência masculina de Zé, haja vista que seu pai, Antonio de Pádua Pordeus Ramalho, falecera afogado num açude no sertão da Paraíba, quando Zé tinha apenas 2 anos. 

Consta que o ainda criança Zé Ramalho chamava seu Raimundo de Avô Rai, e daí teria surgido a expressão "Avohai". No seu próprio site, consta que este nome lhe fora "soprado por entidades extra-terrestres ou sensoriais", 20 anos depois da morte de seu pai.Certa vez, numa entrevista, Zé Ramalho afirmara: 

"Quando eu fiz esta música eu criei esta palavra. Ela significa avô e pai. É uma espécie de homenagem ao meu avô, que foi a pessoa que me criou. Ele fazia o papel de avô e de pai. Meu pai morreu muito jovem, nos açudes do sertão, morreu afogado quando eu era garotinho. Então foi meu avô que me educou, foi quem me ensinou a seguir o caminho do bem, a batalhar minhas coisas. Eu me inspirei na imagem dele. E me chegou a palavra [avohai]... Ao mesmo tempo ela é interpretada pelas pessoas que a ouvem das mais diversas formas. É uma coisa muito mística também, representa a continuidade da espécie, ou seja, passar a sabedoria de uma geração para a outra... O avô passa para o pai, que passa para o filho e aí por diante..."

A letra tem algo de místico e contempla um mosaico de imagens nordestinas, em que há claras referências a Brejo da Cruz, sua cidade natal. 

Mas no seu próprio sítio digital (www.zeramalho.com.br) o próprio artista, num depoimento a Jorge Salomão, em 1998, conta um pouco de outras influências que inspiraram a letra de Avohai: 

"Lia muitos livros esotéricos, poesia, Carlos Castañeda, discos voadores, eram os que mais me interessavam. E livros de alquimia. Absorvi muita coisa disso tudo no meu trabalho. Eu produzo uma certa química nas pessoas que prestam atenção no meu trabalho. Uma sensação de viagem. Comunguei também no início dos anos 70 com o psicodelismo, o LSD, aqueles chás de cogumelo, essas coisas todas foram importantes para mim. Misturei tudo isso e saiu a primeira leva de músicas: Avôhai, Vila do Sossego e Chão de Giz. Essas músicas foram feitas na época dessas experiências. Era 73. Essas experiências me deram intuição, vontade de projetar essas luzes para me apresentar como autor. Minha proposta desde o início era fazer uma coisa diferente, no sentido de idéias, criar situações, criar imagens com as letras e com o máximo de alucinação possível. Avôhai, por exemplo, tem a descrição de viagem na própria letra da música."


                   



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